Alex

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Quaresma: momento para descobrir que o amor é possível

Em poucos dias, na Quarta-feira de Cinzas, começaremos um período litúrgico importante da nossa fé católica: a Quaresma. O tempo da Quaresma, eminentemente penitencial, em preparação para a Páscoa, é o propício momento em que todos nós, fiéis batizados, somos convidados a intensificar a vida de oração, penitência e caridade, com realce especial ao jejum e à abstinência. Contudo, só se compreende a Quaresma através do olhar de um Deus que se encarna, morre e ressuscita por amor a cada um de nós. Isto mesmo, Deus mergulha na epopeia e tragédia da vida humana para nos resgatar das correntes do pecado e dar-nos a vida eterna.

A Quaresma está intimamente conectada com o desejo de felicidade e infinito, latentes em cada coração humano. Sem ela não se entende o ser cristão, sem ela não se entendem os mistérios da indigência e da grandeza humana. Constata-se por muitos espaços da vida humana um mar de tristezas e frustações. A depressão, segundo dizem, é o mal de nosso século. Nunca sentimos tanta falta de infinito, e nunca estivemos tão presos ao efêmero, ao passageiro, ao transitório, aquilo que não gera relações humanas, valorizando demasiadamente o virtual e nos esquecendo do real, da dor, das misérias, da pobreza, da violência e das misérias morais que relativizam o belo, o sagrado, gerando a cultura do descartável.

O que impede o coração humano de encontrar a felicidade? Muitas são as respostas, muitos estudos são apresentados diariamente nos meios de comunicação. Buscam-se explicações psicológicas, sociais, econômicas, políticas etc. Mas, são poucos os que chegam ao fundo do problema. A verdadeira e plena felicidade só será alcançada quando passarmos pela via quaresmal, que é o caminho de purificação e penitência que nos liberta, através da graça, dos grilhões do pecado.

O pecado é o maior obstáculo. Infelizmente, estamos imersos numa cultura que o comercializa. O mais triste é que buscando a felicidade, a humanidade parece afundar-se cada vez mais no lodo e morre sufocada pelo veneno do pecado, que destrói almas e sonhos. E é a própria sociedade que promove esse tipo de vida, se questiona dos porquês dessas realidades que contaminam o orbe sem se importar com as condições econômicas ou sociais das pessoas.

A maior alienação é a incapacidade de perceber o quanto o ser humano se quebra quando se entrega ao pecado. Existe uma desintegração espiritual que se manifesta na sociedade e prolifera em estruturas. Ele nasce pessoal e, em proporção com a matéria, gravidade e circunstâncias, gera o mal social.

O reconhecimento de nossas misérias e fraquezas diárias é o primeiro passo para o encontro profundo consigo mesmo e com Deus. O pecado é a desintegração da nossa natureza e aliena nossa vida da realidade eterna a qual todos nós somos chamados. A penitência não é masoquismo, mas reconhecer de modo concreto e visível a nossa indigência e necessidade. Ela nos coloca no caminho do perdão, que é o resgate da unidade perdida pelo mal.

O salmo penitencial 51(50) exclama com beleza poética o drama do pecado e a recuperação do Rei Davi. A primeira coisa que o pecado ataca é nossa consciência, ou seja, a capacidade de perceber e distinguir o mal e o bem. O Rei Davi possui a graça de ter um grande amigo, o profeta Natã. Este, sem medo das consequências e guiado pela força do Espirito Santo, acusa Davi do seu pecado. A paz e a felicidade voltam ao rosto do rei de Israel apenas quando ele reconhece e deseja reparar o mal cometido.

O pecado nos coloca no sono mais profundo e nos impede de encontrar a paz que deve reinar em nossas vidas. Só através da paz, que nasce do encontro arrependido com Cristo misericordioso, poderemos encontrar a felicidade. Os verdadeiros amigos são aqueles que nos ajudam a despertar e a ver a realidade em toda sua complexidade, como fez Natã com Davi. Eles são capazes disso não porque sabem mais ou são mais capacitados, mas, sim, porque nos amam. Como está escrito em Eclesiástico: “O amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro”. (Eclo 6,14)

A crise de felicidade está proporcionalmente relacionada com uma crise de amizade. Poucos encontram verdadeiros amigos. Muitas vezes não sabemos ser bons amigos. Neste clima de preparação para a JMJ RJ, conclamo ao jovem: desperte através do encontro com Cristo, o dom da amizade. Não se pode ser cristão sozinho. Jovem evangeliza jovem.

Com razão impacta, positivamente, milhões de pessoas a participação nas Jornadas Mundiais da Juventude, no encontro com Cristo juntamente com o Santo Padre o Papa. Nessas jornadas, os jovens descobrem que a amizade já existe entre eles, pois todos possuem em comum o grande amigo Jesus Cristo, aquele que nunca nos abandona.

Dizem que hoje as pessoas não querem se relacionar, desejam apenas se “conectar”, pois é mais fácil colocar o outro em “off”. O medo em criar laços sólidos brota, em muitos casos, da incerteza do amor. O pecado apaga de nossas vidas a certeza de que é possível amar. A fragmentação de nosso ser, oriunda do pecado, nos impede de confiar no outro.

Assim, neste importante tempo de Quaresma despertemos novamente o desejo de felicidade. Purifiquemos nossas almas do pecado que obstaculiza o encontro com Cristo, amigo capaz de nos guiar com passos seguros. Como o Rei Davi, peçamos a Deus piedade por nossos pecados. Não tenhamos medo de reconhecer nossas transgressões.

Deus conhece nosso ser, ama a verdade e nos ensina a sabedoria. Ele nos dá a felicidade, o júbilo e nos purifica de todas as iniquidades, fazendo-nos “mais brancos do que a neve”. Sobretudo, Deus cria em cada um de nós um coração novo, através da penitência e do perdão sacramental. A via quaresmal bem vivida despertará em nós um espirito firme e devolverá o júbilo da salvação. (cf. Sal 51).

Que nesta Quaresma tenhamos a coragem de fazer uma passagem profunda de purificação do pecado para a graça, no caminho bonito do itinerário do seguimento e discipulado do Redentor!



† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=20465&cod_canal=82

Sera que planta tem poder

O povo brasileiro é muito supersticiosos, ao ponto de acreditar que um planta tem o poder, de espantar mal olhado,ora nem uma planta tem poder, de espantar o mal, a planta tem a finalidade de enfeitar, decorar, alegrar o ambiente de convivência, as pessoas acredita também que a planta tira o mal olhado, que chega ate cometer um exagero de falar. “ A fulana foi na minha casa, e quando ela foi embora a planta murchou.” Ora se a planta murchou, é por que ela estava fora da água, e não por que ela murchou por causa da pessoa que foi te visitar em sua casa, o que afasta o mal olhado, é você clamar o Senhorio de Jesus em sua vida, e ai concerteza nem um mal olhado te atingirá.




Voc. Alex Coqueiro Ferreira
Vocacionado Diocesano

Razões para ser padre

Na sociedade atual, hedonista e secularizada, a figura do Padre é objeto de muita discussão, inclusive através da mídia. Freqüentemente, pessoas que pouco entendem do assunto, se permitem a audácia, talvez até com boa intenção, de dar sugestões sobre como deveria ser o sacerdócio católico. O Presbítero, habitualmente chamado pelo povo de Padre, possui o segundo grau do Sacramento da Ordem. Portanto, é Sacerdote, assim como o Bispo, que tem a plenitude deste Sacramento. Nesta reflexão, vamos considerar algumas razões para ser Padre, isto é, participante do Sacerdócio de Jesus Cristo, hoje e sempre.
Primeiramente, é preciso compreender que o Padre foi chamado por Deus. Não é uma vocação que alguém escolhe, porque se julga apto para tal, ou porque acha interessante. A escolha é de Deus, e o seu chamado não se discute. Por isso, o sacerdócio é um privilégio, imerecido. Quando da eleição dos Apóstolos, e também dos discípulos, Jesus passou a noite em oração. Pela manhã, Ele escolheu os que queria para o seu grupo, com os quais fundou a sua Igreja, que subsistirá até o fim dos tempos – a Igreja Católica Apostólica Romana.
O Padre é homem de Deus. Esta é sua característica fundamental. Tudo que se queira acrescentar à sua figura, são detalhes acidentais. Jesus, aos 12 anos, afirmou: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49). Tal é a realidade mais profunda do Padre - as coisas do Pai. Isto não impede que seja uma pessoa politizada e comprometida com a realidade que o cerca. Não se trata de fazer política partidária, que não compete ao ministro ordenado, mas da orientação ao seu rebanho para a prática da cidadania e um posicionamento segundo a moral cristã, sempre tendo em vista o bem comum.
Apesar do secularismo, a que já aludimos, o homem hodierno busca, sequiosamente, o rosto de Cristo. Por isso, o Padre é chamado a ser re+presentante do próprio Senhor: ele O torna novamente presente. E quanto mais transparente e mais perfeita for essa presença, melhor responderá às indagações dos que a procuram. Nosso pranteado Papa João Paulo II nos exortava a contemplar o rosto de Cristo, para revelá-lo aos outros. Chegou a dizer que os Padres são o “Coração de Jesus” – expressão forte, que significa o amor de Jesus, divino e humano, que o Padre deve transparecer, através da missão que exerce. O povo quer ver, tocar, perceber, ouvir o Cristo na pessoa do Padre. Por isso, a palavra do Padre não é dele mesmo, mas é a Palavra de Deus. O toque sacramental do Padre não é um toque meramente humano, mas ultrapassa esta dimensão e penetra no divino, do qual o sacerdócio é, de fato, mediação.
Esta configuração ao Cristo tem profundas raízes teológicas, que atestam a exclusividade do sacerdócio para os varões, como participação no único e eterno sacerdócio do próprio Cristo. Jesus não escolheu nem sua própria Mãe Santíssima, para compor o grupo daqueles que seriam a base apostólica da sua Igreja. Mas não é nosso propósito discutir este assunto, no presente texto. Apenas confirmamos a posição da Igreja, em nome de quem o Papa João Paulo II falou, quando expôs, claramente, seu ensinamento a este respeito.
Ainda segundo o saudoso Papa, na sua Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis - “Dar-vos-ei Pastores segundo o meu Coração” (Jr 3,15), de 25 de março de 1992, o Padre tem que possuir 5 qualidades essenciais:
1° Ser homem, física e psicologicamente, sadio.
2° Ser pessoa de oração, portanto piedoso. Pietas, em latim, significa um devotamento filial aos pais. O Padre deve ter um afeto filial, carinhoso para com Deus, nosso Pai, e é a partir desse modelo, que ele vai buscar a delicadeza paterna, e materna, que demonstrará na sua experiência humana de diálogo com o mundo de hoje, homens e mulheres do nosso tempo.
3° Ser uma pessoa culta. A formação intelectual de um Padre exige um mínimo de 7 anos de estudos universitários, incluindo as Faculdades de Filosofia e de Teologia, além da comprovada competência pastoral.
4° Ser um verdadeiro pastor. Deve conhecer os problemas que se abatem sobre a humanidade, para dar a resposta pastoral necessária, dentro de uma visão eclesial coerente.
5° Ser um elemento de equipe, que saiba viver em comunidade e para a comunidade. Que nunca trabalhe só, a não ser nas coisas do trato direto com Deus. Tudo o mais seja feito em conjunto com a comunidade a que ele serve. Isto exige afabilidade, equilíbrio e capacidade de diálogo.
Como seguidores de Cristo, os Apóstolos tiveram que deixar tudo: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim” (Mt 10,37). Trata-se da doação integral da pessoa e da sua capacidade de amar, para que Cristo dela disponha em favor dos mais necessitados: os pobres, os pecadores, os que sofrem de múltiplas carências, os que nos procuram para aconselhamento. Para estar disponível a tudo isto, permanentemente, é preciso ter um amor exclusivo. São Paulo diz, claramente: “O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa” (1Cor 7,32-33). Portanto, tem um coração dividido.
O Padre não pode viver assim. O seu amor, as suas energias, a sua competência, tudo deve estar a serviço das ovelhas do seu rebanho. Por isso, a Igreja, desde os primórdios, introduziu o celibato, seguindo a exigência que Jesus fez aos Apóstolos sobre deixar tudo. Apesar do que afirmam as críticas apressadas a esta norma antiqüíssima, o celibato sacerdotal não é a causa de eventuais problemas afetivos.
O Pontifício Conselho para a Família tem afirmado, muitas vezes, que se encontram na família os maiores problemas da atualidade, sob qualquer ponto de vista: pastoral, social, cultural. Não adianta querer resolver uma suposta carência afetiva na vida do Padre, apelando para o Matrimônio, como se fosse a solução mágica. Na vida a dois também há solidões. E muitas. Talvez, até, mais dolorosas do que no celibato. Os psicólogos estão aí para comprová-lo. A doação integral do amor faz parte da condição existencial do Padre. Sendo uma vocação, é a única capaz de realizá-lo como pessoa. Quem não for capaz disto, por um compromisso total, irrestrito e perpétuo, não é chamado para o sacerdócio, segundo a vivência da Igreja Latina, Ocidental.
Rezemos para que Deus nos dê sempre bons e santos Padres, segundo o seu Coração: “A promessa do Senhor suscita no coração da Igreja a oração, a súplica ardente e confiante no amor do Pai de que, tal como mandou Jesus o Bom Pastor, os Apóstolos, os seus sucessores, e uma multidão inumerável de presbíteros, assim continue a manifestar aos homens de hoje a sua fidelidade e a sua bondade” (Pastores Dabo Vobis, n°82).




+ CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro


http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=8228&cod_canal=45